Usuário convidado
11 de janeiro de 2024
A malfadada saga se iniciou ainda no caminho mas limitar-me-ei a avaliar a pousada (ou melhor, “roubada”). Já na chegada, ainda tentando identificar onde seria a recepção, pois tudo o que se via eram algumas mesas e cadeiras dispostas diante de uma espécie de balcão de bar, que tinha como vizinho um aquário sempre demasiado turvo, antes mesmo de qualquer “olá, sejam bem vindos!”, o que ouvimos foi um “vai ser no débito ou no crédito, o resto do valor da reserva?”. Pagamento efetuado, agora sim, era o momento das boas notícias: o sinal de Wi-Fi não chega nos quartos; ar-condicionado, só das nove e meia da noite às oito da manhã; proibido o uso de secador de cabelo, chapinha e qualquer outro aparelho que use resistência. Até aí, tudo bem, realmente não ligamos para isso. É compreensível que um lugar que funciona a base de gerador de energia tenha tais limitações. Rumo ao quarto (a instalação mais cara da pousada, ressalte-se), a decepção já se apresentava na porta, que tinha a maçaneta quebrada e sérios problemas para abrir. A roupa de cama era malcheirosa. A TV era esquisitamente posicionada no ângulo entre a parede e o teto (mas isso pouco importava, afinal, ela não funcionava mesmo). Ainda nos instalando, descobrimos que as luzes não ligavam. Mais tarde, percebemos que essa era só mais uma das incontáveis e duradouras quedas de energia que assolam aquele lugar, e que os proprietários insistem em culpar os hóspedes pelo desarme do disjuntor do gerador, alegando que, decerto, haviam usado algum dos aparelhos proibidos (o que descobrimos, em conversa com vizinhos de quarto que, por óbvio, não era verdade). A primeira noite naquele lugar foi chuvosa. Após ter passado um tempo no “boteco-recepção” e depois de uma trégua da chuva, ao voltar ao quarto, uma agradável surpresa: a cama estava ensopada graças a duas goteiras acima dela. Mas tudo isso acima descrito ainda não tinha sido o suficiente para abalar o nosso moral. “Tudo bem, essas coisas acontecem”, pensávamos eu e meu noivo. É claro que o pior ainda estava por vir. Quando recebemos a janta... foi nesse momento que tudo ficou claro: todos os eventos narrados não eram meros infortúnios; de fato, os (ir)responsáveis por aquele lugar não dão a mínima para seus hóspedes. Aquilo era a materialização da absoluta falta de, eu diria carinho mas, é mais grave, o que falta é respeito mesmo. Eu não serviria aquela comida sequer aos porcos. Preferia que tivessem me servido lavagem, seria melhor. A lasanha era uma espécie de sopa de óleo com flocos aglomerados de carne moída e lascas inconsistentes de massa. Tudo boiando. O frango à parmegiana eram pequenos pedaços de frango mergulhados num molho assemelhado ao que se usa no estrogonofe, de aspecto e textura horríveis (que também é o molho presente no próprio estrogonofe e no, pasmem, peixe – é um molho padrão, pelo visto), tendo como acompanhamento um punhado de arroz sem vida e algumas poucas unidades de batata-frita (pouco mais de meia-dúzia, serv